GUIMA CAFÉ APOSTA NO USO DO BIOCHAR PARA AVANÇAR EM SUSTENTABILIDADE

Na região do Cerrado, Fazenda São Mateus, onde empresa tem cafezais, segue investindo em práticas regenerativas; matéria-prima é a casca do grão
Michelle Valverde / Repórter Diário do Comércio
O Dia Nacional do Café é celebrado em 24 de maio no Brasil. Em Minas Gerais, o setor segue avançando e buscando uma produção cada vez mais sustentável. Exemplo disso é o Guima Café, cujo grão é produzido na Fazenda São Mateus, nos municípios de Patos de Minas e Varjão de Minas, na região do Cerrado Mineiro. A empresa tem investido em práticas regenerativas e, em parceria com a Stoclker e a Nespresso, vai iniciar o uso do biochar nas lavouras de café agora em 2025.
Conforme as informações, a produção do biochar acontece por meio da pirólise, que é a queima controlada de resíduos orgânicos com pouco ou nenhum oxigênio. O biochar é um carvão vegetal de estrutura altamente porosa que promove a retenção de água e nutrientes no solo, reduzindo a necessidade de irrigação e o uso de fertilizantes. Além disso, o uso contribui para a fixação de carbono no solo, ajudando a combater os efeitos das mudanças climáticas.
O supervisor da produção agrícola da Guima Café, Ricardo Oliveira, explica que a fazenda foi selecionada junto a mais três para o uso do biochar. A produção do insumo acontecerá na própria fazenda, usando uma máquina fornecida pelas empresas parceiras. A matéria-prima será a casca do café gerada na produção própria. “Vamos começar a usar o biochar este ano. A Stoclker e a Nespresso escolheram quatro fazendas no Brasil e que têm um trabalho voltado para a sustentabilidade, para a redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa e que promovam o sequestro de carbono. Fomos uma das escolhidas. O projeto prevê a produção e fabricação do biochar dentro das fazendas, aproveitando a casca do café. Na fazenda, já utilizamos a casca como composto orgânico. Mas com a produção do biochar, vamos acelerar o processo que ia acontecer de forma natural”, explica.
Segundo Oliveira, o uso do insumo no solo começará este ano, então, somente na safra 2026 de café será possível avaliar os efeitos do produto na produtividade das lavouras. Pelos estudos já realizados, as expectativas são positivas e o uso deve contribuir, inclusive, para reter mais umidade no solo e ajudar a mitigar parte dos efeitos gerados com a estiagem. “O biochar é a matéria orgânica na última fase da decomposição. O uso só trará benefícios. O biochar vai atuar no sequestro de carbono. Fisicamente, a molécula tem porosidade que ajuda na absorção de água no solo e ao usar no café a ideia é que o produto venha contribuir para mitigar os problemas do período mais seco. Acreditamos que com o uso do biochar associado às boas práticas de manejo, o solo será resiliente em relação à seca. Isso porque o produto vai ajudar a manter mais solo úmido e fértil, ajudando a reter nutrientes”, completa.
Quanto à produção do café na safra 2025, a colheita no Guima Café começou agora em maio e vai até agosto ou setembro. Oliveira explica que devido às condições climáticas dos últimos anos – seca, alta temperaturas e geadas – as lavouras foram impactaram e irão produzir menos. A estimativa é colher cerca de 20 mil sacas de 60 quilos de café, volume menor que as 35 mil sacas registradas na safra anterior. “Em 2024, enfrentamos um período de estiagem muito prolongadas e foram quase 160 dias sem chuvas. Além disso, as temperaturas ficaram mais altas. A combinação dos fatores impactou em várias lavouras e, por isso, nossa produção será menor”, finaliza.
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