A COR DA CAMISETA DA SELEÇÃO BRASILEIRA: UMA IDEIA AMALUCADA E UMA POLÊMICA DESNECESSÁRIA

Mudança na cor do segundo uniforme, do azul para o vermelho, ganhou as redes sociais na última semana

MOTOS E MOTOS

Diário do Comércio

 O presidente Charles De Gaulle, a quem se atribui a afirmação de que “o Brasil não é um país sério”, conclusão a que teria chegado quando Brasil e França se envolveram numa querela que ficou conhecida como “Guerra da Lagosta”. Se vivo fosse De Gaulle diria, agora, que definitivamente o Brasil é também um país muito engraçado. Tentaremos adiante explicar o porquê dessa suposição. O mundo parece estar diante de uma encruzilhada que não encontra precedentes, com um processo ensandecido, patrocinado pelo presidente Donald Trump, de desmonte das estruturas que, se não bastaram para assegurar paz e prosperidade, como se imaginava ao final da Segunda Guerra, pelo menos nos polpou do pior, literalmente do fim do mundo.
Um barco que navega sem rumo e ignora o que poderá encontrar adiante e do qual somos também passageiros. Internamente, poderão dizer os mais duros, estamos diante, ou bem próximos, do abismo. Somos, afinal, um país ainda dividido e no qual a força parece em mãos um tanto inapropriadas, deixando no ar incógnitas que são igualmente aterradoras. Nada, no entanto, capaz de impedir que de momento as atenções de muitos brasileiros estejam concentradas na cor, com possível, mas um tanto improvável possibilidade de mudança, da camisa da seleção brasileira de futebol. Dá para pensar, diante da mais absurda falta de assunto, que chegamos ao fim dos tempos, que não há mais o que esperar à frente.
Trágico, absolutamente trágico, mas igualmente engraçado. A seleção que está no centro das atenções é aquela mesmo que conheceu os píncaros da glória, mas entrou em desabalada carreira na direção oposta. Depois de passar por mais um vexame diante dos rivais argentinos, está agora diante do risco, um tanto real, de não se classificar para a próxima Copa do Mundo. Não tem nem técnico para comandar o time, mas nada disso parece ser problema. Tudo se resume na escolha da cor da camiseta, não sendo preciso muito para que se entenda a razão da nova polêmica, assunto tão desimportante que já foi bater nos balcões – epa! – da Câmara dos Deputados.
Embora seja o verdadeiro alvo, o governo federal finge que não é com ele, enquanto a Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, debaixo de seu telhado de vidro, diz que não sabe de nada, deixando no ar a impressão de que tudo não teria passado de movimento desastrado do fornecedor de camisetas, que parece não saber onde e com quem está tratando. Só cabe esperar agora que alguém de bom senso cuide de engavetar, esquecendo, esta ideia amalucada. Pela simples e boa razão de que temos todos coisas bem mais importantes para fazer.